INTRODUÇÃO
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Figura 1
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Figura 2
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O estudo das micotoxinas, conhecido como micotoxicologia, iniciou-se em 1960 numa fazenda na Inglaterra (Figura 2). Mais de 100.000 jovens perus morreram em decorrência da doença denominada ‘Turkey-X disease’ após comerem uma ração à base de amendoim que estava contaminada com aflatoxinas – até então um novo grupo de micotoxinas produzidas pelo fungo Aspergillus flavus. Nos anos seguintes a esta massiva fatalidade, outras micotoxinas importantes incluindo alcaloides de ergot (cravagem, pt), fumonisinas, ocratoxinas, tricotecenos e zearalenona foram descobertas e descritas, muitas do resultado de outras intoxicações devastadoras.
Esta lição disponibiliza uma revisão de micotoxinas economicamente importantes que podem contaminar rações ou alimentos destinados ao consumo humano e que são prejudiciais à saúde humana e de animais domésticos (Tabela 1). Outras micotoxinas não apresentadas na Tabela 1 (ex.: citrinina, ácido ciclopiazônico e patulina) também podem ser economicamente importantes em alguns momentos. Para uma revisão mais compreensiva incluindo outras micotoxinas, uma boa referência é a publicação pelo CAST (2003).
Os objetivos específicos desta lição são:
- Apresentar os principais grupos de micotoxinas, os fungos que podem produzi-las, e as culturas nas quais estas micotoxinas são mais frequentemente associadas,
- Apresentar doenças importantes em humanos e animais domésticos causadas por micotoxinas (conhecidas como micotoxicoses),
- Refletir sobre estratégias para reduzir a contaminação com micotoxinas em sistemas agrícolas,
- Apresentar tecnologias atuais para a detecção da contaminação com micotoxinas e,
- Discutir o impacto global das micotoxinas com ênfase particular nos países do terceiro mundo.
AGRADECIMENTOS
Os autores são gratos aos membros do Comitê de Micotoxicologia da Sociedade Americana de Fitopatologia pelas ideias e pelas outras sugestões no desenvolvimento desta lição.
Tabla 1. Os autores são gratos aos membros do Comitê de Micotoxicologia da Sociedade Americana de Fitopatologia pelas ideias e pelas outras sugestões no desenvolvimento desta lição. |
Mycotoxina |
Produtos contaminados |
Animais afetados |
Efeitos clínicos |
Aflatoxinas |
Milho, amendoim, sementes de algodão, nozes (frutos secos, pt), derivados do leite |
Porco, cão, gato, gado (bovino, pt), ovelha, pássaros jovens, humanos |
Danos no fígado, hemorragia intestinal, câncer (cancro, pt) |
Alcaloides de ergot (cravagem, pt) |
Centeio, sorgo, pastagem |
Gado (bovino, pt), ovelhas, humanos |
Alucinações, gangrena, amputações, partos prematuros |
Fumonisinas |
Milho, silagem |
Cavalo, porco, humanos |
Edema pulmonar, leucoencefalomalácia, câncer (cancro, pt) do esôfago, defeitos do tubo neural, danos no fígado, desenvolvimento |
Ocratoxinas |
Grãos de cereais, café, uva |
Porco, humanos |
Danos nos rins e no fígado, câncer (cancro, pt) |
Tricotecenos |
Trigo, cevada, aveia, milho |
Porco, gado (bovino, pt), aves domésticas, cavalo, humanos |
Refluxo, diarreia, vômitos, desordens da pele, desenvolvimento reduzido |
Zearalenona |
Milho, feno |
Porco, gado (bovino, pt) |
Alargamento do útero, abortos, má formação dos testículos e dos ovários |
Próximo: Aflatoxinas.