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Micotoxinas nas Lavouras (Culturas, pt): Um Perigo à Saúde Humana e de Animais Domésticos


IMPACTO ECONÔMICO DAS MICOTOXINAS

As micotoxinas têm tido impacto significativo em diversas culturas, especialmente trigo, milho, amendoim e outras nozes (frutos secos, pt), algodão e café. O órgão para a agricultura das Nações Unidas (FAO – ONU) estima que 25% das culturas do mundo são afetadas por micotoxinas a cada ano, com perdas anuais em cerca de 1 bilhão (milhar de milhão, pt) de toneladas de alimentos e derivados. Perdas econômicas ocorrem devido 1) perda no rendimento das culturas devido à ocorrência de doenças causadas pelos fungos toxigênicos; 2) valor reduzido da cultura pela contaminação com micotoxinas; 3) perdas na produtividade animal devido a problemas de saúde relacionados com as micotoxinas; 4) custos associados à saúde humana. Custos adicionais com as micotoxinas incluem o custo de manejo (controlo, pt) na prevenção, amostragem, mitigação (controle), litígio (disputas judiciais) e custos com pesquisa. Estes impactos econômicos afetam toda a cadeia produtiva de alimentos e rações: agricultores, pecuaristas, armazenadores e processadores de grãos, consumidores e a sociedade como um todo (devido ao impacto na saúde e às perdas de produtividade). Estimativas do custo das micotoxinas nos Estados Unidos divergem: um relato estima entre $0,5 a $1,5 bilhões (milhares de milhão, pt)/ano e outro estima em $5 bilhões (milhares de milhões, pt)/ano para os EUA e Canadá. Nenhum destes relatos incluem o impacto na saúde humana ou perdas nas culturas. Para aflatoxinas em milho nos EUA tem sido estimado um impacto de $225 milhões/ano não incluindo o custo de mitigação ($20-30 milhões/ano apenas com testes). Em amendoim, nos EUA as micotoxinas têm causado perdas superiores a $25,8 milhões/ano entre 1993 e 1996, com a maior parte dos custos (quase $23 milhões) sendo arcado pelo setor da indústria responsável pelo descascamento. Perdas para o agricultor são estimadas em aproximadamente $2,6 milhões por ano. Perdas associadas com deoxinivalenol nos EUA são estimados em $655 milhões/ano, com a maior parte das perdas em trigo. Em países em desenvolvimento, poucas estimativas estão disponíveis, mas baseado no elevados níveis de contaminação com aflatoxinas regularmente encontrados nestes países, é bem provável que estas perdas excedam aquelas que ocorrem nos EUA. Como um exemplo, perdas devido a aflatoxinas em três países asiáticos (Indonésia, Filipinas e Tailândia) são estimados em $900 milhões anualmente.

O valor reduzido das culturas é um componente importante nas perdas causadas por micotoxinas. Isto afeta as culturas no comércio local assim como nas exportações. Em anos favoráveis à contaminação com aflatoxinas no EUA, a produção de muitos produtores é rejeitada por armazéns ou outros compradores porque a sua colheita excede o limite de 20 ppb. Eles são forçados a aceitar um preço menor no mercado local de rações, ou mesmo descartar a sua colheita. Internacionalmente, um padrão de 4 ppb de limite (adotando o limite da União Europeia) para aflatoxinas em amendoim poderia custar cerca de $450 milhões anualmente nas perdas com exportação. O impacto das perdas na exportação é agravado pela situação de países em desenvolvimento, nos quais a população está mais exposta a aflatoxinas, podendo ser forçados a exportar seu milho de mais alta qualidade e reter os grãos de menor qualidade para o uso doméstico.

Com o uso do milho para a produção de etanol aumentando, o impacto econômico das micotoxinas não decresce e talvez, na verdade, aumente. Um importante subproduto da produção de etanol é a fração seca dos grãos e solúveis destilados (DDGS, da sigla em inglês dried distillers’ grain and solubles), os quais são vendidos como componentes da ração animal. As micotoxinas nos grãos tornam-se concentradas na DDGS, resultando num impacto estimado de $18 milhões por ano com fumonisinas para a indústria de suínos nos EUA. As perdas na indústria de suínos podem ser menor pelo monitoramento dos grãos nas indústrias de etanol; neste caso o impacto econômico das fumonisinas na DDGS é diluído entre a indústria de suínos, indústria de etanol e produtores de milho. Com o objetivo de manter níveis aceitáveis de micotoxinas na DDGS os grãos aceitos devem ser estritamente monitorados, mas isto certamente levará a custos mais elevados para as indústrias de etanol e uma perda pelas contaminações dos grãos com micotoxinas.

Os impactos das micotoxinas na saúde humana são os mais difíceis de serem quantificados. É claro que as micotoxinas afetam a saúde humana. Especialmente as aflatoxinas nos países em desenvolvimento. Estes efeitos estão relacionados a toxicoses agudas (causadas por uma única exposição) e imunossupressão pelas micotoxinas, assim como pelos efeitos crônicos (exposição repetida). Surtos de aflatoxicoses no Quênia têm levado a centenas de óbitos, mesmo durante a última década. Mais de 98% dos indivíduos avaliados em muitos países do oeste africano foram positivos para a exposição à aflatoxina. Doenças moduladas por micotoxinas são responsáveis por 40% das perdas dos anos ativo de acordo com um relatório de 1993 do Banco Mundial sobre a saúde humana. Dos $900 milhões do impacto de aflatoxinas no sudeste asiático, $500 milhões dos custos foram relacionados aos efeitos na saúde humana. Um relatório da National Academy of Science conclui que as micotoxinas provavelmente contribuam para a taxa de câncer (cancro, pt) humano, mesmo nos EUA. Numa escala global, a saúde humana é o maior e mais significativo impacto das micotoxinas, com perdas monetárias significativas (pelos cuidados com a saúde e perda de produtividade) e pelas perdas de vidas humanas. Dois surtos recentes de micotoxinas realçaram o impacto das micotoxinas na saúde humana e animal.

Próximo: surtos recentes de micotoxicoses.